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abril 08, 2008

Exclusividade, por Edson Marques



são de amor, naturalmente,

e feitos por mim quando me espanto

no meu canto encantador.


Certos poemas eu escrevo com os olhos

nos teus olhos, meu amor;

outros, muito longe de você.

A maioria,

com meu coração ainda pendente,

pulsando no peito de um amor

que às vezes encontrei

nos caminhos desta vida,

por acaso e de repente.


Algumas das poesias

eu as te fiz diretamente,

outras foram feitas para amores

diferentes,

mas depois eu as trouxe até aqui

— para você, naturalmente.


Muita coisa bela eu sinto por você

enquanto ainda estou colado

no corpo amante da outra,

suspirando de amor também por ela,

alegremente.

E sei também que muitas coisas

que hoje você diz

já foram ditas para outros

— mas isso não lhes tira

a beleza e a semente.


Sei que essas palavras de amor

se repetem entre nós

com a mesma intensidade,

e muitas das verdades

que dizemos um ao outro

são bem ditas,

simplesmente.
Edson Marques

Multiplicar Amor




Que nossas mãos possam ser portadoras de paz...
De afagos...
De carinho...
Que escorra delas os mais
límpidos sentimentos...
De bálsamos... de alívio...
de força... de luz...
Que possam ser espraiados
na terra árida...
fazendo germinar o amor
entre as pessoas...
Multiplicando
a essência de nós

Fazendo-nos fortes ao meio à tempestade
Deixando-nos ver o sol que nasce...
Que rompe a noite...
Que se faz dia...
Que se faz belo...
Que se faz vida!
Que se chama amor.


abril 06, 2008

Teço em tear de espuma, por Mel


Teço em tear de espuma
Em entrelinhas de bruma
Os pontos cardeais
Escrevo
Ao som do murmurar das ondas
Nas águas remexidas espirais
Nesta Baia Gambôa, fruta proibida
Fruta perdida, caída … tombada,
De pele macerada, ferida.

Escrevo em doiradas areias,
Mãos cheias de letras pequenas…
São, prosas, são rosas … poemas.
São rimas … são compostas,
Compotas de agridoce frutas …
Mordidas, rasgadas … ausentes,
Em bocas dormentes, na angustia
Da ausência de um beijo…

Letras … na angustia sofrida,
De um beijo de uma boca palavra,
Terra árida, deserto de água lisa,
De charrua de lavra…
Terra… gretada, rasgada, estirada,
Em sulcos muros de pranto …

Escrevo e inscrevo nos ventos amenos,
Todos os signos, sons de mim e do mar,
Palavras … palavras apenas…
Sons contidos, de todas as marés,
Mãos postas em oração, num acto de fé…

Inscrevo sombras que imploram
E choram … espelhadas em mim,
A dor e o silêncio, do gesto, do abraço,
E, das palavras … amordaçadas,
Na tua boca … teço estas letras,
Tear de espuma …

Escrevo… louca … este segredo,
No dorso de uma gaivota na
Esperança vã de que ela, que atravessa
Os mares e as tempestades e,
Regressa a esta praia todos os finais de tarde,
Seja o exemplo para quem, tem
Como eu … da vida medo!