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julho 26, 2008

Amigo


Quero ser teu amigo

Nem demais e nem de menos

Nem tão longe e nem tão perto

Na medida mais precisa que eu puder

Mas amar-te como próximo, sem medida,
E ficar sempre em tua vida
Da maneira mais discreta que eu souber

Sem tirar-te a liberdade

Sem jamais te sufocar

Sem forçar a tua vontade

Sem falar quando for a hora de calar

E sem calar quando for a hora de falar

Nem ausente nem presente por demais,
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo,

Mas confesso,

É tão difícil aprender,

Por isso, eu te peço paciência

Vou encher este teu rosto
De alegrias, lembranças!

Dê-me tempo
De acertar nossas distâncias!
"Fernando Pessoa"

julho 24, 2008



Abra a janela, aquela que dá para o vôo dos pardais,
deixe o sol entrar
Sinta seu calor aquecendo seu peito
pense numa poesia,
cante uma canção
sorria para voce com toda a intensidade de que um sorriso é capaz.
Colha alguma flores coloridas,
as mais belas do jardim de seus pensamentos
chame a Esperança que deve estar batendo papo com sua fé
e comece seu dia dizendo e sentido que
A felicidade é o seu limite...
E o paraíso é você mesmo quem faz.
(autor desconhecido)

julho 21, 2008

Livre arbítrio



Dê uma chance ao inesperado.

Abrace forte a gostosura da surpresa.

Dance de olhos fechados à beira do abismo.

Abandone quem te oprime agora mesmo.

Desmonte as relações frias, autoritárias — na escola, na família ou no trabalho.

Ame a liberdade sobre todas as coisas.

Ame também o amor e a loucura — e sobretudo a paixão e o risco, o riso e a glória.

É mais ou menos isso o que eu quero te dizer hoje.

Mas não creia cegamente no que eu digo: também posso estar errado.

O que proponho é valioso demais para alguns, e pode não valer nada para outros.

Portanto, questione todas as convicções, todas as idéias, todas as propostas — inclusive as minhas.

As minhas e as tuas.

Principalmente as tuas...


(Edson Marques)

julho 16, 2008

Vitor Araújo canta saudades do Recife FREVO Nº01



Frevo nº 01



Ai, ai saudade
Saudade tão grande
Saudade que eu sinto
Do clube da Pás,
do Vassouras Passistas traçando tesouras
Das ruas repletas de lá
Batidas de bombos são maracatus retardados
Chegam da cidade cansados
Com seus estandartes no ar
Que adianta se o Recife está longe
E a saudade é tão grande
Que eu até me embaraço
Parece que eu vejo Walfrido Cebola
no passo
Haroldo Mathias, Colaço
Recife está dentro de mim.
Vivo della mia morte e, se ben guardo,
Felice vivo d' infelice sorte;
E chi viver non sa d'angoscia e morte
Nel foco venga, ov'io mi struggo e ardo".
Michelangelo Buonarroti, 1532



julho 12, 2008

Um Conto


VOZ DO VENTO


Uma flor existia, apenas existia, muda e inexpressiva, na beira de um lago próximo a montanha.
Mas ela não sabia que existia, nem sabia quem era.
Existia apenas dentro do eterno silêncio e isto lhe bastava.
Desejava ficar ali, imóvel, fazendo parte apenas dela mesma.
Não havia sentido vontade de dar nome as coisas, nem de experimenta- las.
O importante era se integrar completamente ao nada, porque este nada era toda a realidade que ela percebia.
Queria permanecer anônima dentro do inexistente, fora do tempo e do espaço e fora dela mesma.
Mas esta flor inconsciente dela mesma, foi acordada pela voz do vento.
Nesse dia descobriu que havia alguma coisa a mais existindo fora dela.
Lembrou que já havia recebido aquela visita antes em seu corpo, mas esta era a primeira vez que se sentia tocada realmente por dentro.
E, quando o vento sussurrou nos seus ouvidos, lindas palavras, a flor sentiu-se viva pela primeira vez.
Escutou aquela voz tão doce falando que ela era uma Rosa branca, cuja pureza brilhava como uma estrela solitária na imensidão da noite.
Atônita com aquela revelação, debruçou-se sobre o lago para examinar aquele reflexo luminoso que nadava lá dentro.
E, a partir daquele momento, passou a existir realmente e a saber quem era.
A flor reconheceu a vida que pulsava dentro e fora dela.
Agora podia sentir o brilho do Sol, o frescor da chuva.
E, ouvindo o canto dos pássaros aprendeu a cantar a sua própria canção.
Ansiava agora pela carícia do vento da montanha.
Como uma noiva radiante em seu vestido branco, esperava pelo noivo prometido, na esperança de conseguir ver o seu rosto, e dançar com ele a música do amor eterno.
Mas o vento sábio nunca mais voltou.
Compreendeu que o amor da Rosa, deixava-a vulnerável demais.
Sabia que se aproximando novamente, ela acabaria por desvanecer nos seus braços.
A Rosa branca chorou.
Chorou de saudade.
Chorou por amor.
Chorou com aquela brusca separação.
Triste, sabendo que nunca mais sentiria a presença do vento no seu corpo, a Rosa ainda se encantava com a magnitude do seu amigo querido.
Agradeceu-lhe o valioso presente que havia recebido dele, o presente de ter lhe dado ela mesma.
Secou as lágrimas e ergueu o olhar para o azul do céu, pois sabia que lá, em algum lugar, alguém olhava para ela com ternura.
E, mesmo que jamais o encontrasse de novo, sentia que ele estaria com ela para sempre, pois as suas vozes haviam se misturado dentro dela, agora eram uma única voz brincando pela montanha sagrada.

(autor desconhecido)

julho 02, 2008

Profano, por Leila Silva


Sofia estranhou aquela consistência.
Meteu os dedos na massa e levou-os à boca só para constatar que o gosto também fugia ao comum.
O comum era não ter gosto.
Entretanto seguira à risca os ensinamentos da mãe.
Padre Rafael apareceu na porta no momento em que ela lambia os dedos. De bermudão. Sofia enrubeceu.
'Algo errado?' Perguntou ele se aproximando.
Sem esperar resposta, tomou a mão da moça, enfiou-a de novo na massa, lambeu cada um dos seus dedinhos e sentiu o estremecimento do seu corpo.
Não se preocupe, filha, estas hóstias ainda não estavam consagradas.

Leila Silva

(achei esse conto super interessante e aí decidi publicá-lo aqui, copiei do blog de uma amiga muito especial Nora Borges em seu blog lingua de maripôsa, que por sua vez copiou do blog de outra amiga - Leila silva, em - Cadernos da Belgica).