Seguidores

julho 02, 2008

Profano, por Leila Silva


Sofia estranhou aquela consistência.
Meteu os dedos na massa e levou-os à boca só para constatar que o gosto também fugia ao comum.
O comum era não ter gosto.
Entretanto seguira à risca os ensinamentos da mãe.
Padre Rafael apareceu na porta no momento em que ela lambia os dedos. De bermudão. Sofia enrubeceu.
'Algo errado?' Perguntou ele se aproximando.
Sem esperar resposta, tomou a mão da moça, enfiou-a de novo na massa, lambeu cada um dos seus dedinhos e sentiu o estremecimento do seu corpo.
Não se preocupe, filha, estas hóstias ainda não estavam consagradas.

Leila Silva

(achei esse conto super interessante e aí decidi publicá-lo aqui, copiei do blog de uma amiga muito especial Nora Borges em seu blog lingua de maripôsa, que por sua vez copiou do blog de outra amiga - Leila silva, em - Cadernos da Belgica).

Nenhum comentário: