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setembro 21, 2007

Viajar é preciso...



"... Hoje entendo bem meu pai. Um homem precisa viajar.

Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou tv.

Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu.

Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor.

Conhecer o frio para desfrutar do calor.

E o oposto.

Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto.

Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser;

que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver".

Amyr Klink

setembro 20, 2007

O CONVITE, Oriah Mountain Dreamer



-Não me interessa o que você faz para viver.

Quero saber o que você deseja ardentemente, e se você se atreve a sonhar em encontrar os desejos do seu coração.

Não me interessa quantos anos você tem.

Quero saber se você se arriscaria a aparentar que é um tolo por amor, por seus sonhos, pela aventura de estar vivo.

Não me interessa quais os planetas que estão em quadratura com a sua lua.

Quero saber se você tocou o centro de sua própria tristeza, se você se tornou mais aberto por causa das traições da vida, ou se tornou murcho e fechado por medo das futuras mágoas.

Quero saber se você pode sentar-se com a dor, minha ou sua, sem se mexer para escondê-la, tentar diminuí-la ou tratá-la.

Quero saber se você pode conviver com a alegria, minha ou sua, se você pode dançar loucamente e deixar que o êxtase tome conta de você dos pés à cabeça, sem a cautela de ser cuidadoso, de ser realista ou de lembrar das limitações de ser humano.

Não me interessa se a história que você está contando é verdadeira.

Quero saber se você pode desapontar alguém para ser verdadeiro com você mesmo; se você pode suportar acusações de traição e não trair sua própria alma.

Quero saber se você pode ser leal, e portanto, confiável.

Quero saber se você pode ver a beleza mesmo quando o que vê não seja bonito todos os dias, e se você pode buscar a fonte de sua vida da presença de Deus.

Quero saber se você pode conviver com o fracasso, seu e meu, e ainda postar-se à beira de um lago e gritar à lua cheia prateada: "Sim!"Não me interessa saber onde mora e quanto dinheiro você tem.

Quero saber se você pode levantar depois de uma noite de tristeza e desespero, cansado e machucado até os ossos e fazer o que tem que ser feito

Quero saber se você vai se postar no meio do fogo comigo e não vai se encolher.

Não me interessa onde ou o que ou com quem você estudou.

Quero saber o que o segura por dentro quando tudo o mais fracassa.

Quero saber se você pode ficar só consigo mesmo e se você verdadeiramente gosta da companhia que consegue nos momentos vazios.


(Oriah Mountain Dreamer - O Convite)

setembro 19, 2007

Drummond em Amar se Aprende Amando



As sem-razões do amor



Eu te amo porque te amo,

Não precisas ser amante,

e nem sempre sabes sê-lo.


Eu te amo porque te amo.

Amor é estado de graça

e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,

é semeado no vento,

na cachoeira,

no eclipse.

Amor foge a dicionários

e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo

bastante ou demais a mim.

Porque amor não se troca,


não se conjuga nem se ama.

Porque amor é amor a nada,

feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,

e da morte vencedor,

por mais que o matem

(e matam) a cada instante

de amor.

Meu Amanhã - Lenine




"Ela é minha delícia

O meu adorno

Janela de Retorno

Uma viagem sideral

Ela é minha festa

Meu requinte

A única ouvinte

Da minha Rádio Nacional

Ela é minha sina

O meu cinema

A tela da minha cena

A cerca do meu quintal

Minha meta, minha metade

Minha seta, minha saudade

Minha diva, meu divã

Minha manha, meu amanhã

Ela é minha orgia

Meu quitute

Insaciável apetite numa ceia de Natal

Ela é minha bela

Meu brinquedo

Minha certeza, meu medo

É meu céu e meu mal

Ela é meu vício

E dependência

Incansável paciência

o desfecho final

Minha meta, minha metade

Minha seta, minha saudade

Minha diva, meu divã

Minha manha, meu amanhã"

- ela é o meu amor

setembro 15, 2007

Receita de mulher



As muito feias que me perdoem mas beleza é fundamental.

É preciso que haja qualquer coisa de dança, qualquer coisa de haute couture

Em tudo isso (ou então Que a mulher se socialize elegantemente em azul, como na República [Popular Chinesa). Não há meio-termo possível.

É preciso que tudo isso seja belo.

É preciso que súbito tenha-se a impressão de ver uma garça apenas pousada e que um rosto adquira de vez em quando essa cor só encontrável no terceiro minuto da aurora.

É preciso que tudo isso seja sem ser, mas que se reflita e desabroche no olhar dos homens.

É preciso, é absolutamente preciso que tudo seja belo e inesperado.

É preciso que umas pálpebras cerradas lembrem um verso de Eluard e que se acaricie nuns braços alguma coisa além da carne: que se os toque como ao âmbar de uma tarde.

Ah, deixai e dizer-vos que é preciso que a mulher que ali está como a corola ante o pássaro seja bela
ou tenha pelo menos um rosto que lembre um templo e seja leve como um resto de nuvem: mas que seja uma nuvem com olhos e nádegas.
Nádegas é importantíssimo.
Olhos, então nem se fala, que olhem com certa maldade inocente.
Uma boca Fresca (nunca úmida!) e também de extrema pertinência.
É preciso que as extremidades sejam magras; que uns ossos despontem, sobretudo a rótula no cruzar das pernas, e as pontas pélvicas No enlaçar de uma cintura semovente.
Gravíssimo é, porém, o problema das saboneteiras: uma mulher sem saboneteiras É como um rio sem pontes.
Indispensável Que haja uma hipótese de barriguinha, e em seguida a mulher se alteie em cálice, e que seus seios sejam uma expressão greco-romana, mais que gótica ou barroca e possam iluminar o escuro com uma capacidade mínima de 5 velas.
Sobremodo pertinaz é estarem a caveira e a coluna vertebral levemente à mostra;
e que exista um grande latifúndio dorsal! Os membros que terminem como hastes, mas bem haja um certo volume de coxas e que elas sejam lisas, lisas como a pétala e cobertas de suavíssima penugem,
no entanto, sensível à carícia em sentido contrário.

É aconselhável na axila uma doce relva com aroma próprio apenas sensível (um mínimo de produtos farmacêuticos!)

Preferíveis sem dúvida os pescoços longos de forma que a cabeça dê por vezes a impressão de nada ter a ver com o corpo, e a mulher não lembre Flores sem mistério.
Pés e mãos devem conter elementos góticos discretos.
A pele deve ser fresca nas mãos, nos braços, no dorso e na face mas que as concavidades e reentrâncias tenham uma temperatura nunca inferior a 37° centígrados podendo eventualmente provocar queimaduras do 1° grau.

Os olhos, que sejam de preferência grandes e de rotação pelo menos tão lenta quanto a da Terra; e que se coloquem sempre para lá de um invisível muro da paixão que é preciso ultrapassar.

Que a mulher seja em princípio alta ou, caso baixa, que tenha a atitude mental dos altos píncaros.

Ah, que a mulher dê sempre a impressão de que, se se fechar os olhos ao abri-los ela não mais estará presente com seu sorriso e suas tramas.

Que ela surja, não venha; parta, não vá e que possua uma certa capacidade de emudecer subitamente e nos fazer beber o fel da dúvida.
Oh, sobretudo que ele não perca nunca, não importa em que mundo não importa em que circunstâncias, a sua infinita volubilidade de pássaro;
e que acariciada no fundo de si mesma transforme-se em fera sem perder sua graça de ave;
e que exale sempre o impossível perfume;
e destile sempre o embriagante mel;
e cante sempre o inaudível canto da sua combustão;
e não deixe de ser nunca a eterna dançarina do efêmero;
e em sua incalculável imperfeição
constitua a coisa mais bela
e mais perfeita de toda a criação inumerável.
Vinicius de Moraes

setembro 08, 2007

Liberdade


Liberta-me os sentidos presos entre as veias,

liberta-me o sangue que se quebra nas ausências e nas distâncias,

a liberdade dos loucos é a musicalidade dos sentidos,

a liberdade dos sentidos é o despertar dos puros de coração.

Liberdade...

A liberdade dos meus gestos é a imagem do teu rosto,

a liberdade da minha voz é a música do teu olhar,

há liberdade quando o coração desperta na pureza,

ergue-se a fortaleza no reflexo da tua face para lá do meu rosto......

tanta liberdade e uma só alma para a viver.



AMOR SAGRADO

Põe-me como selo
sobre teu corpo
(Templo Sagrado)
Ainda que profano seja
este meu apelo
Faz de meu sagrado seio
Tua Macieira
Faz de minhas maçãs
Teu melhor bocado
Tal qual o vento
remexendo nas árvores
feito um ser insano . . .
Sentir-te quero em mim
não importa como. . .
se . . .
Sagrado ou Profano!
Pois, estando as nuvens cheias

derramam as chuvas sobre a terra
Dize-me ó tu que amas;
Onde derramarei eu
este meu néctar sagrado?
Rosas vermelhas de desejos
impetuosas desabrocham
na primavera do meu corpo em florão . . .
Oh! meu amor!
Já despi meus sentimentos
como vesti-los novamente?
Sinto o espírito clamando:
PUREZA!!!
Ouço o corpo gritando
PAIXÃO!!!
Que atire a primeira pedra
aquele que nunca amou
ou nunca foi desejado
E . . .
Perdoai-me Senhor!
Se profanei aqui
imagem antes pura . . .
do meu . . .
AMOR
SAGRADO

Irani Alves Degenaro

PRESENÇA

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É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,

teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento

das horas ponha um frêmito em teus cabelos...

É preciso que a tua ausência trescale

sutilmente, no ar, a trevo machucado,

as folhas de alecrim desde há muito guardadas

não se sabe por quem nalgum móvel antigo...

Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela

e respirar-te, azul e luminosa, no ar.

É preciso a saudade para eu sentir

como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...

Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista

que nunca te pareces com o teu retrato...

E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.
Mario Quintana

setembro 02, 2007

Anjo à-toa


Não busque no meu corpo a carne, a chama.
Nem veja no meu rosto uma consagração qualquer.
Eu sei que sou um anjo à-toa nesse mundo.
Um tiro certo, um poço fundo,
um precipício aberto, uma mulher.
O que é que eu faço dessa sensação estranha,
que me persegue e me apanha,
e me vira pelo avesso,
que não tem fim nem começo
e me faz o que bem quer?
O que é que eu faço dessa sensação perdida,
desvairada, enlouquecida,
displicente, amargurada,
se o meu sorriso anda tão comprometido
e se a gente passa e pensa,
sem recompensa, sem nada?
Eu quero ser seu anjo,
à-toa e vagabundo,
seu mistério o mais profundo
e você vem quando quiser.
Se você quer morrer de amor,
morrer de vício,
eu quero ser seu precipício,
seu amor, sua mulher.


Poema: Kátia Drummond