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abril 06, 2008

Teço em tear de espuma, por Mel


Teço em tear de espuma
Em entrelinhas de bruma
Os pontos cardeais
Escrevo
Ao som do murmurar das ondas
Nas águas remexidas espirais
Nesta Baia Gambôa, fruta proibida
Fruta perdida, caída … tombada,
De pele macerada, ferida.

Escrevo em doiradas areias,
Mãos cheias de letras pequenas…
São, prosas, são rosas … poemas.
São rimas … são compostas,
Compotas de agridoce frutas …
Mordidas, rasgadas … ausentes,
Em bocas dormentes, na angustia
Da ausência de um beijo…

Letras … na angustia sofrida,
De um beijo de uma boca palavra,
Terra árida, deserto de água lisa,
De charrua de lavra…
Terra… gretada, rasgada, estirada,
Em sulcos muros de pranto …

Escrevo e inscrevo nos ventos amenos,
Todos os signos, sons de mim e do mar,
Palavras … palavras apenas…
Sons contidos, de todas as marés,
Mãos postas em oração, num acto de fé…

Inscrevo sombras que imploram
E choram … espelhadas em mim,
A dor e o silêncio, do gesto, do abraço,
E, das palavras … amordaçadas,
Na tua boca … teço estas letras,
Tear de espuma …

Escrevo… louca … este segredo,
No dorso de uma gaivota na
Esperança vã de que ela, que atravessa
Os mares e as tempestades e,
Regressa a esta praia todos os finais de tarde,
Seja o exemplo para quem, tem
Como eu … da vida medo!

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