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setembro 24, 2013

‘A beleza do masculino: endurecer sem perder a ternura’


Falar hoje sobre energia masculina se tornou uma ousadia. 
Dá arrepios em boa parte das mulheres que carrega a memória dos abusos e crimes cometidos a suas avós. Isso é totalmente compreensível.
 Aliás, o homem contemporâneo parece sentir culpa por seus ancestrais violentos. 
Não foi ele quem estuprou mulheres na Índia, apedrejou Madalena, queimou bruxas ou sangrou cabarés. Mas foram seus antigos vovôs tão presentes em sua alma.
O machismo, o patriarcado e a brutalidade são apenas o lado sombrio do masculino.
 Há na energia yang uma beleza e uma força tão necessárias à vida quanto na energia feminina. 
No início da existência, por exemplo, o pai se encarrega de apresentar o filho ao mundo depois que ele se nutriu no colo delicioso e apaixonante da mãe. 
A energia masculina favorece autonomia, decisão, ordem, lei, hierarquia, compreensão do dar e receber e dignidade para assumir as conseqüências dos nossos atos. 
É linda. Introduz os filhos nas leis da terra. Não tem a aura encantada do afeto e da ternura maternas. 
A beleza, a mística e o êxtase do colo absoluto.
 Mas serve o propósito assim. 
Masculino e feminino se reconhecem como um par de bailarinos.
Desconsiderar a importância do masculino, julgando-o pelos excessos da história, é mutilar a alma. 
Não se alcança a liberdade e a plenitude jogando o pai pela janela, desprezando sua função. 
Tampouco destronando o rei. 
O poder masculino é tão necessário quanto o poder feminino embora ambos se expressem de modo distinto. 
Uma sociedade que glorifica a mãe em detrimento do pai atrofia os meninos. 
É tão perversa quanto a que humilha as mulheres, ignorando-as rainhas sábias e sagazes. 
Carinho, amor, beleza, compreensão, criatividade precisam andar de mãos dadas com clareza, objetividade, justiça e honra.
 Claro, há também as sombras de cada aspecto. Porém, yin e yang não são rivais e sim amantes.
Tenho ouvido muitas mulheres se queixando da falta de iniciativa dos parceiros.
 Da passividade. Estão cansadas de fazer tudo.
 Os papéis ficaram misturados demais. 
Se o homem bruto era cruel, o homem culpado ficou omisso e reticente. 
Pede licença demais. Tornou-se flácido e vacilante. 
Nada atraente. Tem medo de se expor e conduzir. Porque conduzir é errar e ser finito.
 Ora, há momentos em que o homem conduz e há aqueles em que a mulher conduz.
 Iniciativa e sedução. 
É simples.
Porém, o coração precisa estar aberto.
 Para compreender, sem drama ou falso perdão, o peso dos relacionamentos violados, a culpa e o ressentimento, os jogos de vingança.
 Não apontar o dedo para vovôs dominadores e vovós submissas, desonrando nossa origem. 
Sem eles jamais estaríamos aqui.
 Isso não significa que precisamos segui-los, repetindo seus destinos.
 Pedir a benção é mais sábio e nos abre para o novo. 
 Talvez eles nos sussurrem caminhos inéditos para o casamento feliz.
 Talvez nos contem segredos de amor que nos guardaram de herança.
 E assim quem sabe fiquemos realmente livres para amar. 
Além de todos os modismos e sectarismos.
 Ao som de um tango.


Por Luiz Marcelo Oliveira

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