Seguidores

maio 15, 2008

Sob o olhar



Subo no telhado tão rápida quanto um gato
alí quieta dá para contar o tempo
costuro meias de seda de cores pálidas
coloco água do café para ferver
arrasto móveis, mexo gavetas
espalho as estrelas guardadas há tanto tempo
(não perderam seu brilho)
reviro a mesa
espanto os males em um canto adormecido que
de tão longe sopra como um lamento
espio em direção as esquinas
espreito idas e vindas, altos e baixos
encontros e desencontros
observo a chuva que cai em gotas cintilantes
escorrendo frias nas vidraças dos arranha-céus
escuto gritos na noite, choro de criança
vida que nasce, vida que transforma
vida que dá sentido a outra vida
vida que se vai...
continuo costurando meias de seda...
penso no mês de fevereiro
penso no mar
trago em mim o sol
o esplendor da alma
a vontade de amar...
subo de novo no telhado
tão depressa quanto um gato vadio
Subo o telhado
para espiar...
(Lu Barros)




2 comentários:

Anônimo disse...

Finalmente o blog atualizado... que coisa ótima.

Te amo.

Dudu

Anônimo disse...

Eluza,
Parabéns,você está escrevendo poesia muito bem.Gostei muitíssimo.
Um beijo,Elbinha