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março 25, 2010

Canção na plenitude


Não tenho mais os olhos de menina nem corpo adolescente,

e a pele translúcida há muito se manchou.

Há rugas onde havia sedas,

sou uma estrutura agrandada pelos anos e o peso dos fardos bons ou ruins.

(Carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia.)
O que te posso dar é mais que tudo o que perdi: dou-te os meus ganhos.

A maturidade que consegue rir quando em outros tempos choraria,

busca te agradar quando antigamente quereria apenas ser amada.

Posso dar-te muito mais do que beleza e juventude agora:

esses dourados anos me ensinaram a amar melhor,

com mais paciência e não menos ardor,

a entender-te se precisas,

a aguardar-te quando vais,

a dar-te regaço de amante e colo de amiga,

e sobretudo força — que vem do aprendizado.

Isso posso te dar: um mar antigo e confiável cujas marés — mesmo se fogem — retornam,

cujas correntes ocultas não levam destroços mas o sonho interminável das sereias.

LYA LUFT

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