Quando envelhecer vou usar púrpura
com chapéu vermelho,
que não combina
nem fica bem em mim.
Vou gastar a pensão em uísque
e luvas de verão
e sandálias de cetim -
e dizer que não temos
dinheiro para a manteiga.
Vou sentar na calçada
quando me cansar e
devorar as ofertas
do supermercado,
tocar as campainhas e passar a bengala nas grades das praças
e compensar toda a sobriedade da minha juventude.
Vou andar na chuva de chinelos,
apanhar flores no jardim dos outros
e aprender a cuspir.
A gente pode usar camisas horríveis e engordar,
comer um quilo de salsichas de uma vez
ou só pão com picles a semana inteira
e juntar canetas e lápis e bolachas de cerveja
e coisas em caixinhas.
Mas agora temos que usar roupas que nos deixem secos,
pagar aluguel, não dizer palavrão na rua e ser bom exemplo para as crianças.
Temos de ler o jornal e convidar amigos para jantar.
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