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janeiro 15, 2010

à Cláudia

Minha Oração

Eu preciso de uma oração que tenha em si a extensão do que sinto e seja a expressão do meu corpo físico.
Uma oração subatômica que vá de encontro às coisas que estão além do meu ego: quero esquecer minhas elocubrações, manias e empáfias.
Ver meus preconceitos desmontarem meus joelhos e enfim, nua, entregar-me ao chão.O apreço que tenho por minhas particularidades é varrido nessa prece.
Então, me dou conta do rosário que carrego,
do sacrifício que vivo e da distância que estou do altar.
Não há deuses, nem santos.
Vejo apenas a desconstrução do eu: tantas partes rígidas, camadas e camadas de simples desejos, reprimidos.
Cada esfínctere bloqueada, minha energia roubada.
Sinto minha insignificância, mas vejo com clareza que estou tentando criar significados para minha vida.
Rompo com as emoções superfíciais e sei que o domínio aonde piso é de um vulcão sentimental, em que amar e odiar não se estranham.
Estupefata percebo que estou na lama morna e movediça de minha humanidade e que não busca a divindade.
Busco o calor humano, aquilo que alimenta e faz morrer.
Sim, eu espero algo ou alguém.
Sei que encontro isso nos bichos, no mato: uma miscigenação de liberdade e respeito.
Mas a humanidade é essa antítese! A dicotomia.
A confusão.
Não sei viver essa vida, meus deuses!
Meus medos!
Então não digo "amém", nem sinto a paz inundar minha alma.
Volto a essência: o Desejo daquilo que se perdeu.
Penso que ouvi o que pensei, porque em mim foi um berro: Socorro!
Algo alêm de mim!
Minhas lágrimas para o mundo e não por mim.
Escandalizada com a vida,
internalizo meus sonhos e ele é o poço fundo de mim.
(Rejane Teles)

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