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fevereiro 15, 2010

Aqui morava um rei



Aqui morava um rei
quando eu menino
Vestia ouro e castanho no gibão,
Pulsava junto ao meu, seu coração.

Para mim, o seu cantar era Divino,
Quando ao som da viola e do bordão,
Cantava com voz rouca, o Desatino,

O Sangue, o riso e as mortes do Sertão.


Mas mataram meu pai.
Desde esse dia
Eu me vi, como cego sem meu guia
Que se foi para o Sol, transfigurado.
Sua efígie me queima.
Eu sou a presa.

Ele, a brasa que impele ao Fogo acesa

Espada de Ouro em pasto ensanguentado.
Ariano Suassuna

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