A chuva cai sobre o Recife devagar,
banha o Recife,
apaga a lua,
lava a noite,
molha o rio,
e a madrugada neste bar.
A chuva cai sobre o Recife devagar.
A chuva cai sobre o telhado das casinhas de subúrbio,
canta berceuses a doce chuva.
É a voz das mães que estão no canto de onde a chuva agora veio.
A chuva cai,
desce das torres das igrejas do Recife,
corre nas ruas,
e nestas ruas,
ainda há pouco tão vazias,
agora passam,
de capote,
transeuntes do tempo longe,
esses fantasmas de mãos frias.
Mauro Mota
(nasceu no Recife a 16 de agosto de 1911)
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