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abril 30, 2007

No Futuro (2003)

Sempre gostou de contar dinheiro.
Vivia cantando e contando.
Adorava os extratos crescendo, os juros das contas remuneradas, os aniversários das cadernetas...
O que podia, economizava para ver o montante crescer.
Nunca ia ao cinema, evitava comer fora, não aumentava a mesada dos filhos há 3 anos...
Na última vez que fora ao supermercado com a esposa, acabou o casamento.
Desde então, solitário, seu estado foi se agravando.
Começou a emagrecer pois comprava menos comida.
Chegou a alugar o próprio apartamento e foi viver na rua.
Quando seu filho o encontrou, estava morando sob o viaduto do Méier, cercado de mendigos. Esse foi o limite.
Interditaram judicialmente o pobre homem e gastaram todo o seu dinheiro.
No hospital psiquiátrico, ele passou o resto da vida guardando todo o tipo de quinquilharia.
- Temos que pensar no futuro..., dizia.
Morreu em dois anos.

Fabio Rocha

Um comentário:

Anônimo disse...

Mãe, Adorei esse poema. Muito bom.

Seu Blog está cada vez melhor, continue assim...

Beijão