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abril 27, 2007

VIOLÊNCIA NAS RUAS


02.03.2007
Clima de urgência nas ruas


Alexandre Garcia:

No Congresso, há muitas propostas para a área de segurança, pouco consenso e mais uma semana se passou com quase nada aprovado. Enquanto os parlamentares discutem prioridades, o clima nas ruas é de urgência.
Em São Paulo, Priscila Aprígio, de 13 anos, esperava o ônibus e teve o corpo atravessado por um tiro de um assalto a banco. A bala lesou um rim e a medula, e o pai dela diz que só por um milagre Priscila volta a caminhar. Ela ainda poderia dar milhões de passos por uns 60 anos.
Enquanto ela estava em coma em São Paulo, em Brasília a Ordem dos Advogados do Brasil ia aos presidentes da Justiça Eleitoral, da Câmara e do Senado com questões relevantes e atuais: financiamento de campanha com os nossos impostos; voto em listas fechadas partidárias; fim das coligações; e fidelidade partidária.
Depois disso, Priscilas não serão mais baleadas, nem meninos seqüestrados, ou queimados em porta-malas ou arrastados pelas ruas. No Rio Grande do Norte, um adolescente de 17 anos conheceu uma mulher de 45 anos na internet, levou-a ao motel e depois, com o primo de 18 anos, a torturou para obter a senha do cartão e a mataram a pauladas. Eu não posso dizer o nome do adolescente de 17 anos porque a lei diz que ele é inimputável. Ele pode roubar, torturar, fazer sexo e matar, mas não pode ser chamado de criminoso.
O Senado adiou a discussão sobre idade penal, e na Câmara foi abandonado o projeto que elimina a prescrição da pena enquanto era arquivado, em pleno dia do julgamento em Brasília, o processo de erro médico que causou morte cerebral de uma moça, porque se passaram quatro anos.
Perto do Congresso, dois jovens, no centro de Brasília, assaltavam um escritório fazendo cinco reféns. Não estavam longe do Palácio do Planalto, onde o presidente Lula dizia que não se deve decidir quanto ao crime sob emoção. Mas já não é emoção: é comoção.

Ao assistir essa matéria no Bom dia Brasil pensei nas Priscilas, nos Joãos, nas Marias ainda que virão. Eles não estão tão longe de nós , amanhã poderemos estar falando de um filho, parente ou amigo. O mundo real está aí nas ruas, na sombra, na escuridão da noite, nas esquinas, alternando com o dia, nos sinais, nas lojas, nos supermercados, nos estabelecimentos comerciais, nos bancos. Seja lá aonde formos poderemos nos deparar com eles. O medo, o receio, por que não dizer o pavor se faz nosso par. Eles, nossos monstros da infância são hoje nossos carrascos. E pensar que tão pouco ou quase nada tem sido feito para dar a sociedade o que se espera de um país livre, democrático, ou que se diz como tal, que abrigue e proteja seus filhos com o paternalismo necessário. Senti o tom emocionado do discurso em que o jornalista Alexandre Garcia apontava os assuntos que naquele momento estavam sendo tratados COMO PRIORITÁRIOS, junto ao Senado e a Câmara : “financiamento de campanha com os nossos impostos; voto em listas fechadas partidárias; fim das coligações; e fidelidade partidária”, enquanto pessoas comuns eram assassinadas, estrupadas, roubadas , violentadas, reféns do crime, da maldade de bandidos que nem sequer se preocupam mais em esconder seus rostos. Isso não é prioridade. Na Câmara dos Deputados tramitam morosamente projetos de combate à criminalidade, resta-nos esperar que efetivamente desmontem as quadrilhas, o crime organizado e por fim o medo da população, devolvendo aos verdadeiros donos as calçadas, as esquinas, as ruas e a paz de acordar e encontrar seu filho no quarto tranquilamente dormindo.

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