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maio 26, 2007

UM GRITO DE SOCORRO

Mulheres afegãs,
ecoam nos meus ouvidos seus gritos de socorro, acompanho de longe seus sofrimentos e intimamente choro suas dores. Oro por vocês que se obrigam a viver em cárceres privados, sepultadas vivas em suas mortalhas, pela violência doméstica a que são submetidas.

Peço um país humano, sem violências, obediente as regras dos direitos humanos, pelo respeito dos homens a suas mulheres e crianças, pelo fim da opressão, pela retirada de suas mortalhas, pelo fim de seus lamentos, pelo sorriso estampado em suas faces de meninas, pela retomada da fé de seu povo.
Eluza Barros.

Em homenagem a elas deixo aqui um poema de autoria desconhecida que retrata bem esse grito de socorro:




Poema de uma mulher afegã

Eles me fizeram prisioneira em grilhões e correntes
Você sabe qual é minha culpa? você sabe qual é o meu pecado?
Esses selvagens ignorantes, que não podem ver a luz continuam
a me bater e oprimir, para mostrar que podem fazer isso.
Eles me fazem invisível, em mortalhas e não existente
Uma sombra, uma não-existência, silenciada e não vista
Sem direito à liberdade. confinada na minha prisão
Diga-me, como suportar minha raiva e furor?
Eles destruíram meu país e o venderam ao invasor
Eles massacraram meu povo, minhas irmãs e minha mãe
Eles mataram todos meus irmãos, sem um pensamento
O reinado que eles impuseram, ordena o ódio e a fúria
Chacina crianças e idosos, sem julgamento, defesa ou juri
Bane a arte e os artistas, pune os poetas e escritores
Vende drogas e rumores, nutre lutadores terroristas
Na indigência e miséria eu sigo nessa vida
Eu continuo tentando conter o conflito
Você poderia me dar uma resposta? Sabe qual é a minha escolha?
Serei eu uma fonte do demônio? Você pode ouvir minha voz?
Essa é minha religião? É esse o caminha da cultura?
Eu mereço esse destino de ser entregue aos abutres?
A dor é tão intensa, devo acabar com minha vida?
Tomando um copo de veneno?
Apunhalando meu coração com uma faca?
Minha terrível culpa é baseada no meu gênero casamento forçado,
prostituição. minha venda pelo delinqüente
Buscando um caminho para compensação,
encontrando injustiça cruel
Pega no círculo vicioso, ganha a paz? e ganha a justiça?
Presa na teia do horror.
Desespero, medo, aspereza
Perdida no mundo do terror,
a morte está perto e a escuridão
O mundo é acossado com a surdez, silêncio, frieza e inércia
Ninguém ouve meus lamentos, ninguém divide meu tormento
Ouça o tufão rugir, esse é o meu gemido
Olhe a chuva do furacão, minhas lágrimas sem grades
A raiva do vulcão propaga meus gritos
A cólera do tornado, a visão dos meus sonhos
Ouça me, sinta minha dor,
você precisa compartilhar meu sofrimento
Poderia ser você nas correntes, se não hoje, amanhã
Junte-se a mim na resistência, sem parada ou pausa
Nós podemos derrotar esse demônio,
ser vencedoras da minha causa
Essas regras não podem me deter, eu vou desafiar e lutar
Para alcançar a alvorada da liberdade, eu busco a luz da justiça
Eu vou esmagar esses dominadores, eu vou queimar essa jaula
Eu vou derrubar esses muros, nesse maldito inferno!

50 Aniversário das Declaração dos Direitos Humanos das Nações Unidas Dedicado a todas as irmãs afegãs e todas as mulheres que sofrem a mesma situação 10 de Dezembro de 1998

2 comentários:

Phantom of the Opera disse...

Dar a conhecer ao mundo as injustiças deve ser a nossa obrigação.

A realidade nua e crua

Anônimo disse...

Eluza,

Só vim te ler de novo.


Teu blog é belíssimo, em todos os sentidos.

Abraços, flores, estrelas..