- O futuro não existe, mas como explicar o que é o momento depois que você acabar de ler esse texto?-
Maria.
Noite de lua cheia e céu estrelado, as 20:00h o mundo ia pra casa, Maria não.
A casa dela era o Recife a céu aberto, e aquelas ruas de pedras ainda mais velhas do que ela.
Ela dormia no começo do mundo, no começo do seu mundo, exatamente sobre o km 0 do marco 0 de Recife. Dormia embalada não sei por qual melodia, coberta com pedaços de papelão.
A lua cheia a chuva veio, Maria de tudo fez para resguardar um pouco os seus poucos bens.
Mas sabe como é quem tá na chuva é pra se molhar, Maria chorou. A sua televisão era o asfalto e a solidão, e em dias de fome era a mesma dos cachorros em frente a alguma padaria.
Maria vivia, ou deixava-se viver. O peso da vida lhe era aparente sob a forma de uma corcunda, mas não seria esse critério que lhe definiria a beleza. Ela era bonita, muito até, com um sorriso encantador e os olhos vagos, fugindo do mundo.
- Onde o seu mundo começava, o seu mundo terminou. -
Lua Durand
Um comentário:
Viva Maria.
Viva Recife.
Se você não encontrar razões para viver num estado de Pernambuco, invente-as.
Abraços, flores, estrelas..
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