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janeiro 15, 2008

Maria, por Lua Durand




- O futuro não existe, mas como explicar o que é o momento depois que você acabar de ler esse texto?-

Maria.


Noite de lua cheia e céu estrelado, as 20:00h o mundo ia pra casa, Maria não.

A casa dela era o Recife a céu aberto, e aquelas ruas de pedras ainda mais velhas do que ela.

Ela dormia no começo do mundo, no começo do seu mundo, exatamente sobre o km 0 do marco 0 de Recife. Dormia embalada não sei por qual melodia, coberta com pedaços de papelão.

A lua cheia a chuva veio, Maria de tudo fez para resguardar um pouco os seus poucos bens.

Mas sabe como é quem tá na chuva é pra se molhar, Maria chorou. A sua televisão era o asfalto e a solidão, e em dias de fome era a mesma dos cachorros em frente a alguma padaria.

Maria vivia, ou deixava-se viver. O peso da vida lhe era aparente sob a forma de uma corcunda, mas não seria esse critério que lhe definiria a beleza. Ela era bonita, muito até, com um sorriso encantador e os olhos vagos, fugindo do mundo.

- Onde o seu mundo começava, o seu mundo terminou. -
Lua Durand


Um comentário:

Anônimo disse...

Viva Maria.

Viva Recife.


Se você não encontrar razões para viver num estado de Pernambuco, invente-as.


Abraços, flores, estrelas..