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agosto 17, 2009

Ele entrou em mim sem cerimônias

Meu amigo seu poema em mim se estabeleceu

Na primeira fala eu já falava como se fosse meu

O poema só existe quando pode ser do outro

Quando cabe na vida do outro

Sem serventia não há poesia não há poeta não há nada

Há apenas frases e desabafos pessoais

Me ouça, Carlos, choro toda vez que minha boca diz

A letra que eu sei que você escreveu com lágrimas

Te amo porque nunca nos vimos

E me impressiono com o estupendo conhecimento

Que temos um do outro

Carlos, me escuta

Você que dizem ter morrido

Me ressuscitou ontem à tarde

A mim a quem chamam viva

Meu coração volta a ser uma Hemington disposta

Aprendi outra vez com você

A ouvir o barulho das montanhas

A perceber o silêncio dos carros

Ontem decorei um poema seu

Em cinco minutos

Agora dorme, Carlos.
(Elisa Lucinda - a Carlos Drummond)

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