Seguidores

agosto 06, 2009

FAROL

Nos passeios pelas alamedas da vida eu vi casais.
Causavam-me inveja.
Observava de longe.
Podia sentir o amor que deles extravasava.
O toque delicado dos dedos que se uniam.
As mãos que dividiam a mesma estrada.
Duas vidas fundidas em uma só.
Entendo pouco dessa ciência amorosa.
O que a torna permanente?
Que será que a anula?
O olhar que via refletido, lembrava-me o oceano.
Parecia-me um luminoso farol capaz de guiá-los na noite escura.
Havia uma estranha força naquelas mãos unidas.
Poucos eram assim.
Porém existiam.
Sempre soube que existiam.
Via-os vez por outra e isso fazia com que eu acreditasse nesta possibilidade.

Certa vez, os encontrei num livro.

Pessoas que se aproximaram e souberam viver o seu amor.
Personagens talvez.
Ficção, quem o sabe?
A linguagem poética altera a realidade.
Pode iludir.
Tenho poucas certezas sólidas nesta vida.
Conheço o mar e a necessidade do farol.
Hoje caminho diferente.
Trago no coração a certeza da ficção possível.
Guardo em mim a realidade que outrora desconheci.
Sinto-a tão perto de mim.
Você está aqui dentro, meu amor.
Caminha comigo.
Sua presença acaricia a minha alma.
E aqueles casais de outrora revivem.
Hoje faço parte deles.
Hoje o mar noturno não me assusta.
Já tenho o meu farol.
Talvez o que me faltasse fosse a tua ternura.
Não há amor que não perdure quando aprendemos a amar com ternura.


(autoria desconhecida)

Nenhum comentário: